sábado, 11 de fevereiro de 2012


A mesma rotina. ” Acordar, lavar os olhos, regar as flores e tentar sobreviver”. Helena nunca teve uma vida normal. De cedo precisou parar os estudos e aprender a ser independente.  Não era fácil como regar uma rosa ou apreciar o nascer do sol, pois requeria esforços, dolorosos talvez. Muitas das vezes não tinha com quem contar, não tinha a quem desabafar, seus pais haviam a deixado quando acabaras de completar seus 15 anos. Helena era sozinha, e infeliz. Era desagradável a ela ter que conviver com os maus olhados e a pena dos outros. A garota sempre gostava das manhãs nubladas ou chuvosas. Eram perfeitas. O tempo frio e opaco se parecia muito a ela. Agora, um dia ensolarado não era tão bem visto por Helena, pois os raios solares entravam em sua pele fina fervendo totalmente seus sentimentos. Ela sempre gostou mais da chuva, das trevas, do que da luz.  
Tudo parecia arruinado. Sua vida, seu coração, seus pensamentos. Vivia sozinha, sempre chorando pelos cantos. Já havia vivido 17 primaveras até agora, mas tudo ainda era a mesma mesmice de sempre. A única coisa que lhe atrevia fazer bem era a poesia. Alguns versos não muito bonitos. Meio sem sentidos. Palavras singelas, sem muito valor, mas que de alguma forma mexiam com seus sentimentos. A maior parte de sua vida havia sido passada junto aqueles velhos bloquinhos de papel, já bem velhos e amarelados. Algum dia desses a menina se pôs a escrever algumas linhas, queria de fato tirar um pouco aquela angústia de seu coração. Normalmente as inspirações dos grandes poetas vêem dos dias ruins, dos corações partidos e da tristeza. Seria então o grande momento, e assim começou:
” Tentaram me enganar, meu Deus.
Disseram-me que eu era muito singela para amar,
Disseram-me que eu era muito nova para pecar. 
Acreditei. Em tudo. Tudo que falaram.
Me deixei decair, solenemente até o chão.
Deixei partir dia após dia o meu amor, a minha doce ilusão.”
Eram linhas, apenas linhas. Sem sentido, sem rimas, mas com sentimentos. O sentimento da perda, da culpa, da saudade. Helena sabia que havia errado, havia acreditado demais nas pessoas. Mas, já era tarde, muito tarde, pois o tempo não voltaria atrás, e ela sabia muito bem disso. Restaria agora apenas o arrependimento dentro de si mesma que talvez pudesse servir de inspiração. Um novo versinho para sua coleção de escritas mal feitas. Coleção aquela que lhe servia de companhia, quando as flores não mais a aconchegavam. (osdi)

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