Hoje passei por aquela loja de cafés que você tanto gostava, na vitrine, ainda tinha o mesmo destaque do café expresso, com gostas de limão, que toda vez você fazia questão de comprar, e me puxava para dentro da loja, era algo muito bom, hoje o que eu faço é suspirar e continuar lembrando, o mesmo garçom que nos servia, lembra? aquele moreno baixinho? Então, ele está me fitando agora, com uma expressão de pena, não consigo dizer como estou agora, eu digo de rosto, até porque não consigo ver, o reflexo do espelho, eu consigo ver somente nossas lembranças, que me torturam dia após dia, cada detalhe dessa cidade me lembra um pouco de você, e me lembra muito a nós, acho que todos os detalhes dessas lojas, tem um tom mais vivo, porque nós passamos por elas, e deixamos nossa marca, aliás, você deixou sua marca eterna nelas, assim como deixo ela dentro do meu coração, era bom ver meu celular tocar e ser uma mensagem sua, se lembra que coloquei um toque especial para você? Então, eu ainda tenho ele, você nem deve ter mais meu número, ou trocou de número, eu te liguei inúmeras vezes, mas sempre dava caixa postal, tive a sensação de sempre estar incomodando, então eu parei de ligar, parei de tentar te mostrar, o quanto você significa para mim, não te culpo de ir embora, se você não foi feliz, então, o que eu posso fazer? Eu deixei de te amar? Claro que não, isso fica mais forte a cada dia, eu não sei como te explicar, mas fica mais forte sim, acho que a solidão fortifica o amor, mas não o amor a dois, mas o famoso e clichê amor no singular, que eu juro que eu não sabia que sentiria, passaria por ele, e olhe como estou? Aqui, olhando para uma vitrine e lembrando de nós, dói isso sabe? Dói muito, mas quantas vezes eu tentei te dizer, e você ignorou tudo, e no fim, eu que não me importava com você, não é mesmo? Porque diante de tudo, de todas aquelas noites, em claro, sejam por motivos bons ou ruins, mas eu passava em claro, pensando, agindo somente em pensamento, eu me importava com você, sabe? Eu ainda me importo com você, só que você não vê, não sei se você encontrou outra pessoa que possa te fazer feliz, porque eu sou egoísta de dizer, que amor como o meu, você nunca há de ter, de ninguém, ninguém mesmo, quem mais do que eu, faria tudo que eu fiz, e ainda passaria se culpando por algo que nem sequer fez? Sempre fazia de tudo para ficar bem, quando na verdade, deveria estar argumentando, porque estava certo na conversa, porque tinha razão, mas não, eu deixava você ganhar, eu me rendia, eu me rendia de verdade, aos seus encantos, aos seus sorrisos, até mesmo as suas broncas, eu me deixava levar pela emoção disso, via sempre o lado emotivo de tudo, e isso ao mesmo tempo que me fez te amar mais, me prejudicou ainda mais, porque eu te queria mais do que podia, te desejava mais do que eu queria, e o pior, eu sentia saudade, e ainda sinto, de algo que nem sequer me pertenceu, isso dói, eu tenho que admitir que sim, porque na verdade, eu nunca quis chegar aqui, eu nunca quis fazer tal coisa pelo amor, o tão sonhado amor por todos sabe? Eu tento sair da rotina de ficar olhando suas lembranças, já tentei rasgar nossas fotos, mas eu não consigo, minhas mãos tremem, muito, muito mesmo, e isso faz com que eu desista, sabe quando eu tivesse essa sensação? Quando eu estava com você, eu tremia, eu me rendia, gaguejava, não sabia o que falar, o que te dizer, até em algumas brigas, você esperava minha reação, mas eu não tinha reação, porque eu não conseguia, e depois de todo esse tempo, você ainda vive dentro de mim, e isso ao mesmo tempo que é bom, é ruim, porque são meras lembranças, eu precisava era do teu beijo, do teu abraço, do teu vai ficar tudo bem anjo, que com sua voz angelical me dizia toda vez que passávamos por momentos difíceis, eu queria ter o bom gosto de ter você de novo, ou não, já não penso mais tanto assim, porque quanto mais você quer, e quando tem, mais você vai desejando, e isso acaba doendo mais, e faz machucar mais, e de feridas, eu já tenho coleções, sinceramente, eu quero distância de sofrimento, porque é ruim, coisa tão óbvia, quem curte sofrer não é? Você sempre acreditou em horas iguais, quando dava meia noite, e a gente via, você me pedia para fazer um pedido, sabe porque eu nunca fiz um pedido? Porque tudo que eu queria eu tinha em meus braços, e isso já era o suficiente para mim, eu tinha você, do que eu mais precisava? Juro, era você, e continua sendo você, seu amor, seu abraço, seu cheiro, sua roupa, você, e isso não vai mudar tão cedo, e nem tão tarde se você quer saber, porque hoje e sempre, quem sempre eu vou poder chamar de amor, vai continuar sendo você, aquele papel pequeno escrito eu te amo, eu ainda guardo ele, no mesmo bolso da blusa azul marinho velha, que você nem sequer lembra que esqueceu aqui em casa, sabe onde ela fica? Ao meu lado, como se pelo menos um pedaço de você, eu tivesse, e isso por incrível que pareça, é o suficiente, no começo não, e nem quero falar sobre isso, no começo sempre foi algo muito difícil de acostumar, muito complicado de aceitar, mas que eu superei parcialmente, até que a minha memória se lembre do seu sorriso, e tudo volta em um piscar de olhos, se eu não fui tudo aquilo que você esperava, desculpa, eu ainda não me tornei uma máquina, tenho ossos, tenho sentimentos, e tudo isso, pertenceu e ainda pertence a você.