sábado, 7 de abril de 2012

                  
“Vou lhe dizer uma coisa, uma coisa óbvia, não tente entender-me. Tenho várias manias, tenho opiniões diferentes de todo mundo, eu sou como verão em um dia e inverno no outro, sou um tanto considerada bipolar, acho que sou egocêntrica demais, mas me pergunto quem não é? Tem dias que apenas penso em mim e digo para qualquer um “vá a merda”, mas tem dias que faço tudo o que pedirem pra mim fazer. Literalmente sou uma caixinha de surpresas, e lhe digo se eu entregar-me inteira a você, cuide muito bem de mim. Se eu chorar na sua frente, acredite que você é uma pessoa muito importante pra mim, por que uma das minhas manias é chorar a noite escondida embaixo de meus cobertores, no vazio com o tiquetaquear do relógio, então já sabe se tu me ver chorar me abraça, nem que eu inunde tua roupa com minhas lágrimas. Tenho tantos sentimento aqui dentro que nunca expus para ninguém, tenho segredos que só eu sei, afinal quem não tem? Pois é, todos nós temos segredos, todos nós vivemos de mentiras, isto mesmo m-e-n-t-i-r-a-s, todos nós vivemos disso, quando guardamos um segredo nós contamos mentiras, nós recebemos mentiras a cada segundo e nem se quer percebemos isso, por quê? Por que já virou rotina, pare e pense, tu já mentiu para seus pais sobre alguma coisa, nem que seja uma coisa miníma? Acho que já, você pode até negar que não, mas já nem que fosse uma mentira pequena que nem fizesse diferença depois. Aliás até eles já mentiram pra você não é mesmo? Quando você era pequeno, ingenuo eles lhe falavam bebês vinham da cegonha, é uma mentira pequena, mas mesmo assim é mentira. Então pra que nós temos primeiro de abril se o resto do ano já é uma mentira? Nós mentimos o tempo todo. Eu lhe disse lá no começo que tenho opiniões diferentes, que tenho pensamentos que ninguém imagina. Considero-me uma pessoa fria e calculista, mas não falo só por falar, é a verdade, já jogaram isso na minha cara “você é fria”, não pude discordar, eu não tenho dó, eu não tenho pena, meu coração já foi pisado e estraçalhado em mil pedaços, que hoje eu não sinto mais nada, hoje mal bombear o sangue ele consegue. Mas e daí quem se importa? São poucas pessoas, como Caio Fernando Abreu dizia “De repente, estou só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia — dentro do universo, eu estou só”. Posso estar rodeada por cem pessoas, mas é como se eu estivesse sozinha, posso estar em uma multidão, mas quantas dessas pessoas realmente daria a vida por mim? Quantas pessoas se importariam com um sorriso verdadeiro meu? Quantas pessoas irão chegar em mim e dizer “obrigado por você existir”? Sabe às vezes precisamos sumir pra saber quem sentiria falta de nós, das nossas manias, opiniões e gestos diferentes. Afinal ser diferente hoje é raro, por isso gosto de ser assim. Consegue entender agora o que eu digo? Consegue entender quando digo que sou diferente?”                                                  — Carolina N

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