sábado, 14 de abril de 2012

                                        
Você disse “acredita em mim, eu não vou fazer de novo, te prometo, juro por tudo o que é mais sagrado” e logo me deu um beijo na testa. No inicio fiz biquinho, mas não resisti e envolvi seu corpo em meus braços. Fomos pra sua casa, porque pra minha o meu pai lhe odiava de corpo e alma, e nunca que iria deixar você colocar os seus pés porta adentro. Chegamos lá, sua mãe me olhou com uma cara de tacho, eu não entendo o porquê de ela me odiar tanto assim. Bom pelo menos compartilhamos o mesmo sentimento; nunca gostei dela, cara de falsa, sorriso irônico, perfeita bruxa pra atormentar. Só vi pelo canto do olho quando estava indo em direção ao seu quarto, ela fazendo sinal da cruz em direção a mim. Xinguei-a mentalmente, desejei uma morte dolorosa, e muito, muito lenta. Entramos em seu quarto, que por sinal parecia mais um lixão do que um quarto de um ser humano decente. Você disse pra não reparar na bagunça porque não havia dado tempo pra arrumar – mais uma mentira sua, ontem você disse a mesma coisa para mim, não se lembra não? Acenei que sim com a cabeça dando sinal de desdém, e logo sentei em cima de suas roup..ops! Eu quis dizer sua cama. Tu sentaste ao meu lado e logo perguntou se eu estava bem, de novo acenei que sim com a cabeça, e dei uma longa arfada como sinal de contrariedade.  Tu se levantaste da cama e parou de pé bem na minha frente, logo de inicio, continuei com a minha cabeça para baixo, mas mesmo assim, eu podia sentir os seus olhos pregados em direção a mim. Perguntei-te o que havia acontecido, e você fez mil sinais com a cabeça de um “não”. Ficamos assim, um bom tempo assim, em silêncio no quarto, enquanto sua mãe batia as panelas na cozinha por pura provocação.  “Não dá pra continuar assim, não desse teu jeito de ficar calada toda a hora” – Você disse assim, sem medir palavras, sem medir o tom pra falar comigo, me despejou todo rancor que tinha sei lá por quem, pra cima de mim. Você foi em direção à janela para olhar os prédios que cercavam sua casa, como uma desculpa pra não ver qual seria a minha reação. Você e suas desculpas. Rei das desculpas. Fiquei pensando em algo pra dizer, ou no que não dizer. Só passou a nossa história como um filme em minha cabeça na hora. Na minha cabeça veio àquelas discussões nossas, que por sinal, quem sempre provocava era você, e a madre Tereza era eu. Sempre eu. Sempre. Veio na mente as suas promessas que me encantavam, e me ganhavam como comprar uma criança com um docinho qualquer – fácil demais.  Veio-me na mente também, aquele dia que você me trocou por um vídeo game quando suas desculpas eram de “minha mãe precisa de mim, desculpa”.  Eu aceitava, sempre aceitava. Veio-me na mente também todas as vezes que você dizia “eu te amo” sempre parecia com menosprezo, ou como se você não sentisse o que tu dizias. Tirei todas essas lembranças de minha cabeça, e parei só pra focar no agora, no que estava acontecendo conosco. Estávamos em completa ruína. Estávamos nos nossos escombros tentando restituir o que não tinha mais volta. Na verdade eu estava assim, eu estava tentando salvar algo de nós dois, recuperar o tempo. Fazer você me querer como eu o queria; fazer você me desejar o mesmo tanto, ou mais do que eu o desejava. Fazer você voltar a sentir amor por mim, se é que algum dia sentiu.  Mas cá entre nós, diga-me dá pra plantar algo em uma terra seca, diga-me dá pra plantar? Impossível não é? Pois bem, é assim com você. Tu não sabes o quanto me dói constatar e aceitar esses fatos. Porra eu fiz tudo por nós, tudo mesmo. E você o que tu fez? Não soube lutar pela gente, não soube lutar com os nossos erros. Não fez nada pra que o nosso relacionamento não entrasse em declínio. Nada. Absolutamente nada. Seus ombros caem, minha demora pra dizer algo, ou pelo menos dar algum sinal de vida começa a te afetar. Você vira para mim, acena com as mãos pra ver se eu diria algo, ou ficaria calada como sempre estive. Você nunca entendeu o “porquê” de eu ficar sempre calada. E eu nunca entendi o “porquê” de tu falavar tanto quando tudo o que você dizia era da boca pra fora. “Como você disse, não dá pra continuar assim, não desse teu jeito de mentir na cara dura” – Levantei-me e fui-me embora, mostrei o dedo para sua querida mãe, bati a porta da sua casa para todos ouvirem, arrumei meus cabelos.. e fui viver. Fui viver. - Objetivar

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