segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Olhos fixos no fracasso, lábios depravados mordendo inferiormente um ao outro. Uma marcha fúnebre parecia tocar ao rádio, que conspirava contra meu estado emocional. Minhas mãos ágeis acompanhavam a estrada reta e esburacada, alertas a qualquer mudança de rumo. Seguravam o volante com uma leveza surreal, apesar de conterem um aspecto mais forte do que realmente se era depositado. Meus dedos batucavam seguindo o ritmo lento e nostálgico daquela música, que posteriormente eu havia reconhecido. Cansada de ouvir a mesma batida entediante, movi meus braços em direção ao aparelho, apertando os botões na busca de uma nova estação. Pop, rap, rock, jazz… Nada me agradava. Por fim, apenas liguei o CD Player, sabendo o que me esperava a seguir. Aquela música. Ah, aquela. Mais conhecida como “nossa música”, começara a tocar. A voz suave e dançante da cantora conduzia-me ao desconhecido. O que será dessa vez? Lágrimas, sorrisos ou simplesmente conformação? Nada parecido ansiava em minha mente. Uma mistura de tortura, aflição e atraso, desconfigurava-me por completo. E o poder de meu peito flamejante, opôs-se mais uma vez sobre tudo. Com os sentimentos a flor da pele, e a pouca razão que ainda me restava sendo ignorada, desisti mais rápido do que pretendia. Deixei meu coração guiar. Sozinha, em uma estrada deserta que inconscientemente sempre me levara ao mesmo lugar, acelerei o carro. A música continuava a tocar, em sua mesma melodia ensurdecedora de corações. O meu? Não estava apenas surdo, encontrava-se cego também. E nesse momento, controlando meus movimentos, só me arrastava até mais perto de você.

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