segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sabe, dessa vez eu fui tão machucado, que me perdi. Me perdi em tudo, em todos. Eu não sei mais de nada. Foi uma queda que não me colocou no chão. Foi uma queda que cavou um buraco e me deixou lá dentro. Preso. Como se ninguém pudesse me ouvir, como se ninguém pudesse me entender. E dentro desse buraco eu imploro para a mesma ferida que me colocou aqui dentro, me tire. Eu quero voltar para a superfície e ser feliz como antes. Aliás, eu não me perdi apenas de mim mesmo, me perdi da felicidade também. E nesse buraco, que agora tenho que me acostumar a viver, derramo lágrimas. Estou com medo de me afogar, estou com medo de que todas essas lágrimas alaguem o lugar onde estou. Não quero morrer afogado. E se for, que seja afogado em lágrimas de felicidade. Mas preciso botar para fora tudo isso, não é? Espero que essas lágrimas não sejam em vão. Espero que todas elas se juntem, e que me façam boiar em cima de suas profundidades. Talvez essa seja a única maneira de eu voltar para o lugar de onde vim. É escuro aqui. Me sinto só, como nunca antes. Às vezes enxergo a luz vindo lá de cima, aprecio com o olhar um pouco da realidade que vivia antes. Mas não posso senti-la. Eu continuo suportando, forte. Será que alguém vai ser capaz de me resgatar? E se for, que seja a mesma pessoa que me derrubou aqui dentro. Mas tenho medo de que, se isso acontecer, ela se canse mais uma vez, e decida me jogar aqui de novo. E repito, estou perdido, e essa é uma das razões. A razão pela qual várias pessoas jogam corda para eu subir, mas que apenas umas tem forças o suficiente para puxá-la. Quer saber? Desisto de querer que alguém me resgate. Eu vou mostrar a todos que eu tenho forças para escalar essas paredes sozinho. E agora estou voltando com a ideia de alagar esse lugar, até as lágrimas me levarem flutuando até a superfície. Decisão difícil. Escalar as paredes ou boiar até lá? Ou será que devo mesmo esperar alguém me resgatar? Eu não sei. E repito, estou perdido. Vou jogar essa confusão toda fora. Cheguei a conclusão de que o que importa é chegar a superfície, independente do meio em que irei voltar. João Pedro Bueno (sabedorias)

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